A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), afirmou nesta terça-feira (10) que as ambulâncias doadas pelo governo federal à capital sul-mato-grossense começarão a operar no dia 8 de julho. A declaração vem em meio a uma investigação aberta pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), que cobra explicações sobre o motivo de os veículos ainda não estarem em uso pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Desde dezembro de 2024, o Ministério da Saúde doou 13 ambulâncias ao município — seis no final do ano passado e outras sete em abril de 2025. A entrega mais recente ocorreu em 25 de abril, em um evento oficial no pátio da Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), com presença da prefeita e de parlamentares federais.
Apesar disso, o Samu de Campo Grande segue operando com dez ambulâncias alugadas, conforme revelou o MPMS. Para o órgão, essa situação levanta preocupações quanto ao uso eficiente dos recursos públicos e à conservação das ambulâncias que permanecem fora de circulação.
O Ministério Público também alerta que a Prefeitura corre o risco de ter que devolver as viaturas e os recursos federais caso descumpra regras previstas na Portaria de Consolidação nº 6/2017, que regula doações feitas pelo Ministério da Saúde.
A investigação está em fase inicial, sob a forma de uma Notícia de Fato, e tem como base uma representação encaminhada pelo deputado federal Geraldo Resende (PSDB). Dependendo das informações apresentadas pela Prefeitura, o procedimento pode evoluir para um Inquérito Civil.
Prefeitura alega trâmites legais e vantagem econômica
Questionada sobre a demora para ativar os novos veículos, a prefeita explicou que o município firmou, ainda em 2024, um contrato emergencial de locação para suprir um déficit na frota do Samu. “Ano passado, nós tínhamos um déficit de ambulâncias, e isso acarretou vários problemas de socorro à população. Por isso, foi firmado um contrato emergencial de um ano para locar dez ambulâncias. Esse contrato vence no dia 8 de julho”, declarou.
Adriane também argumentou que as ambulâncias doadas ainda precisam passar por procedimentos burocráticos obrigatórios antes de serem liberadas para uso. “Não basta só colocar a placa. É necessário seguro obrigatório, vistoria, documentação completa e cumprimento dos protocolos exigidos pelo Ministério da Saúde”, justificou.
Além disso, a prefeita afirmou que a locação das viaturas foi mais econômica. Segundo ela, enquanto a manutenção de uma ambulância própria custaria cerca de R$ 35 mil por mês, o aluguel atual sai por R$ 15,8 mil por unidade, já incluindo seguro e substituição imediata em caso de falha. “É bem mais barato locar do que manter uma frota própria, especialmente numa situação emergencial”, disse.
Transição promete ser sem prejuízos ao atendimento
Adriane garantiu que a troca das viaturas alugadas pelas doadas ocorrerá de forma planejada, sem impactar a qualidade do atendimento à população. “No dia 8 de julho, com o fim do contrato, as ambulâncias doadas estarão totalmente documentadas, asseguradas e prontas para atender a população. O serviço do Samu não pode ter a qualidade reduzida”, concluiu.