Um relatório da Polícia Federal de 850 páginas detalha o funcionamento de um esquema de venda de sentenças judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), com registros que vão de extratos bancários e imóveis de luxo a mensagens recheadas de apelidos íntimos. O documento embasa a operação Última Ratio e resultou no afastamento de cinco desembargadores pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Os apelidos usados nas trocas de mensagens entre magistrados e advogados, analisados pela PF, indicam um nível de proximidade que, segundo a polícia, reforça a existência do esquema. O desembargador Marcos Brito, chamado de “Marcão” e “Marcola”, é apontado como um dos principais alvos.
Uma das conversas transcritas no relatório mostra o advogado Félix Jayme pedindo ao advogado Paulo Fenner um depósito para o “Gordo” — codinome de Brito:
“Paulo, que horas você vai depositar o do Gordo aí, já tá me ligando aqui. Não fura hoje não hem Paulo”, diz uma mensagem de áudio de Félix, de abril de 2019.
A PF concluiu que “Gordo” refere-se a Brito, vinculado ao pagamento de uma decisão judicial favorável a Fenner.
Além disso, o advogado Renê Siufi, em mensagens a Brito, usa o apelido “Marcola”:
“Marcola, deixei na portaria um velho e um novo [whisky]. Faça como Mate Leão – use e abuse. Abs”, escreveu Siufi.
Mensagens como essa indicam a troca de presentes de luxo, incluindo bebidas, que reforçam a suspeita de vantagens indevidas ao magistrado.
O presidente do TJMS, Sérgio Martins, também foi mencionado no relatório, sendo chamado de “Bolachinha” por Félix Jayme. Em mensagens enviadas a um interlocutor, Félix relatou ter efetuado pagamentos a desembargadores para obter uma decisão favorável no tribunal. Segundo o delegado responsável, Sérgio Martins seria um dos beneficiários:
“Ganhei por 3 a 2 lá, Bolachinha, Marcão e Divoncir. Coisa boa, hein?”
Outro nome envolvido é o ex-desembargador Júlio Siqueira, que tratava o advogado Rodrigo Pimentel, filho do também afastado desembargador Sideni Soncini Pimentel, por “Didi Pimentinha”. O relatório revela viagens de pescaria realizadas por ambos, usando o avião particular de Rodrigo.
O esquema, segundo a PF, seria comandado por magistrados em parceria com escritórios de advocacia, muitos administrados por parentes de desembargadores. Além de Brito, Martins e Siqueira, outros nomes como Vladimir Abreu da Silva e Sideni Soncini Pimentel foram afastados pelo STJ por envolvimento na venda de sentenças.
A operação Última Ratio segue desdobramentos, com a Justiça buscando responsabilizar os envolvidos e restaurar a confiança no TJMS. O afastamento dos magistrados, determinado pelo ministro Francisco Falcão, é visto como uma medida para garantir o andamento das investigações sem interferências.
A revelação do esquema lança luz sobre a necessidade de reformas no sistema judiciário e mecanismos mais eficazes para prevenir corrupção dentro do poder.
Justiça Condena Réus do Caso Sophia a 52 Anos de Prisão A...
ByRedaçãodezembro 6, 2024Os contribuintes de Campo Grande têm agora mais duas semanas para aderir...
ByRedaçãodezembro 5, 2024Um homem de 43 anos, com 95 passagens pela polícia por estelionato,...
ByRedaçãodezembro 5, 2024O primeiro dia do julgamento pela morte de Sophia Ocampo, de apenas...
ByRedaçãodezembro 5, 2024
Deixe um comentário