O deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) voltou a dar sinais claros de que sua permanência no Partido Liberal, do ex-presidente Jair Bolsonaro, pode estar chegando ao fim. Em mais um episódio de descompasso com a legenda, Pollon contrariou a orientação da oposição e da liderança do PL ao registrar presença na sessão da Câmara dos Deputados desta segunda-feira (28), enquanto os colegas de partido mantinham a estratégia de obstrução.
O gesto surpreendeu aliados e adversários: Pollon foi o primeiro parlamentar do Mato Grosso do Sul a registrar presença no painel eletrônico da Casa, apenas 30 minutos após sua abertura, às 16h. A orientação da oposição era de que os deputados aguardassem até o quórum mínimo de 257 parlamentares ser atingido para só então marcarem presença.
A movimentação da oposição tem como objetivo pressionar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o líder da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar o projeto de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Apesar de já contar com as 262 assinaturas necessárias para que a proposta vá ao plenário, a matéria segue travada.
A conduta de Pollon indica que ele não apoia a anistia aos presos políticos ligados aos ataques às sedes dos Três Poderes. Além disso, sua decisão de marcar presença mesmo durante a obstrução pode ser lida como um desafio direto ao comando do PL e à própria estratégia bolsonarista.
Desde 2023, o relacionamento de Pollon com o PL vem se desgastando. Na ocasião, ele foi punido internamente por se recusar a apoiar Beto Pereira (PSDB) na disputa pela Prefeitura de Campo Grande. De lá para cá, o deputado tem adotado uma postura mais independente, evidenciando o distanciamento político dentro do partido.
Com o impasse em torno do projeto de anistia, a oposição avalia novas estratégias de pressão, incluindo mobilizações nas redes sociais e até mesmo uma greve de fome no Congresso Nacional.
