A partir deste sábado, os motoristas de Mato Grosso do Sul pagarão mais caro pelos combustíveis. O litro da gasolina terá um acréscimo de R$ 0,10, enquanto o óleo diesel sofrerá um reajuste de R$ 0,06. O aumento decorre da atualização anual da base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), impactando diretamente os custos de transporte e os preços dos alimentos, o que pode pressionar ainda mais a inflação no Brasil.
Impactos no consumo e na inflação
A tributação sobre combustíveis, que desde 2022 é calculada com uma alíquota única nacional em reais por litro, tem efeitos diretos e imediatos sobre a economia, conforme explica o doutor em Economia Michel Constantino. “O aumento é direto porque afeta o consumo e os custos de produção, ocorre em tempo real porque os postos repassam rapidamente a alta e é multiplicador por atingir diversos setores, como alimentação, transporte e orçamento familiar”, detalha o especialista.
O reajuste dos combustíveis também impacta o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial do país. O economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, estima que a alta contribua com 0,08 ponto percentual no IPCA de fevereiro. Como a maior parte do transporte de alimentos no Brasil ocorre por via rodoviária, a elevação do diesel tende a aumentar o custo dos produtos essenciais.
O mestre em Economia Eugênio Pavão reforça que o consumidor precisará se adaptar ao novo cenário econômico. “As pessoas deverão buscar estratégias para economizar, como compras coletivas, aproveitar promoções, comparar preços online e evitar deslocamentos desnecessários.”
Aumento da carga tributária
O Comitê Nacional de Secretarias Estaduais de Fazenda (Comsefaz) informou que o reajuste deste ano reflete a alta dos preços dos combustíveis nas bombas entre fevereiro e setembro de 2024, comparado ao mesmo período do ano anterior. A alíquota do ICMS sobre a gasolina passará de R$ 1,37 para R$ 1,47 por litro, enquanto o diesel subirá de R$ 1,06 para R$ 1,12 por litro.
O diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto, destacou que o repasse do ICMS é parte da cadeia produtiva e será sentido imediatamente nos preços.
Possível novo reajuste nos preços da Petrobras
Além do aumento do ICMS, os combustíveis podem sofrer novos reajustes devido à defasagem dos preços praticados pela Petrobras em relação ao mercado internacional. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a gasolina comercializada pela Petrobras está 8% abaixo do Preço de Paridade Internacional (PPI), enquanto o diesel apresenta uma defasagem de 16%.
Na última segunda-feira, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, informou ao presidente Lula e seus ministros que a estatal precisará reajustar o preço do diesel em breve. De acordo com projeções de especialistas, esse aumento pode variar entre R$ 0,18 e R$ 0,24 por litro.
Alta acumulada nos combustíveis
De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço da gasolina nos postos de combustível de Mato Grosso do Sul já aumentou 4,5% no último ano. Em fevereiro de 2024, o preço médio era de R$ 5,72, enquanto no último levantamento da ANP, em 25 de janeiro, o valor chegou a R$ 5,98 por litro.
Diante desse cenário, consumidores e setores produtivos precisarão redobrar a atenção com os custos, buscando formas de minimizar os impactos do aumento dos combustíveis no orçamento diário.
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