Preso há mais de cinco anos, Jamil Name Filho, conhecido como Jamilzinho, ajuizou uma ação judicial exigindo a prestação de contas detalhada sobre o patrimônio da família, atualmente sob a administração de seu irmão, o deputado estadual Jamilson Name (PSDB). O parlamentar é acusado de ter usado o controle do patrimônio para beneficiar-se pessoalmente, e a família alega não ter recebido informações claras e completas sobre a gestão dos bens desde que ele assumiu a administração, após a prisão de Jamilzinho e a morte do patriarca Jamil Name, em 2021.
Cobrança por transparência
Jamil Name Filho continua detido na penitenciária federal de Mossoró e, juntamente com a viúva, Tereza Name, ingressou com a ação pedindo a apresentação de contas detalhadas sobre os bens de Jamilzinho e da família. Segundo a ação, Jamilson, após a morte de seu pai, passou a administrar não apenas o patrimônio de Jamil Name, mas também o de Jamilzinho e de sua mãe. A alegação da defesa é de que os membros da família não foram devidamente informados sobre as movimentações financeiras, com destaque para a falta de organização e clareza nas informações prestadas.
Nos autos, a defesa de Jamilzinho aponta que ele possui limitações de comunicação e que, até agora, não recebeu nenhuma prestação de contas de maneira completa ou satisfatória. Além disso, os filhos de Jamil Name Filho e a viúva Tereza Name também foram ignorados quanto às informações sobre os bens da família.
Alegações de abuso de confiança
A defesa de Jamilzinho argumenta que houve uma “traição de confiança” por parte de Jamilson, com destaque para a integração de imóveis à empresa Agropecuária Figueira, além da cessão de cotas da sociedade para seu próprio benefício. A ação lista uma série de transações milionárias, como a transformação de contas bancárias simples em contas conjuntas, transações imobiliárias e societárias, além de transferências de cotas de empresas. A família ainda acusa o deputado de ceder créditos de ações judiciais e precatórios para uso pessoal.
O advogado da família, André Borges, informou que houve tentativas de diálogo com Jamilson e seu advogado, mas as negociações não avançaram. As contas apresentadas recentemente pelo deputado foram descritas como insuficientes, limitando-se a um curto período de tempo (maio a julho de 2024) e sem comprovação documental das receitas.
Pedido de detalhamento
O processo detalha especificamente o que a família exige na prestação de contas. Entre os pedidos estão informações sobre a movimentação de duas empresas de família – Agropecuária Figueira Ltda e Trianon Administração, Empreendimentos e Participações Ltda –, além de questões envolvendo imóveis e fazendas, como a Fazenda Santa Terezinha e Fazenda Varjão. A família também exige explicações sobre as despesas realizadas com cartões de crédito, gastos domésticos e outras despesas de natureza pessoal.
No dia 3 de outubro deste ano, a família notificou Jamilson para que prestasse contas detalhadas, mas até o momento, a única resposta do deputado foi um pedido de prorrogação do prazo para a entrega dos documentos, que ainda não foram apresentados.
Defesa de Jamilson Name
Em resposta à ação judicial, o advogado de defesa de Jamilson, João Delmondes, criticou a ação, considerando-a “absurda” e infundada. Em nota, Delmondes afirmou que o deputado “tomou conhecimento da ação por meio da imprensa” e que está “absolutamente tranquilo” quanto à sua posição. Ele reafirmou que Jamilson sempre cumpriu com suas responsabilidades e que, em breve, solicitará a dissolução das sociedades e negócios familiares em andamento, devido à instabilidade gerada pelos conflitos familiares. O advogado também desafiou a versão apresentada pelos familiares, alegando que tudo será demonstrado em juízo.
Contexto judicial da família
A família Name já tem um histórico de envolvimento com a Justiça. Em 2019, Jamil Name Filho e seu pai foram presos, e desde então ele segue cumprindo pena na penitenciária federal. Em 2023, Jamil Name Filho foi condenado a 15 anos de prisão pelo homicídio de Marcel Colombo, o conhecido Playboy da Mansão, um crime supostamente planejado e executado por membros da família.
O deputado Jamilson Name, por sua vez, também foi investigado em outras ações, incluindo a Operação Omertà, mas foi absolvido das acusações de obstrução das investigações relacionadas a uma organização criminosa.
Conclusão
O caso revela um profundo conflito familiar envolvendo a gestão de um patrimônio milionário, e a disputa pela prestação de contas de bens familiares pode trazer à tona novas revelações sobre os negócios e a administração do patrimônio da família Name. A ação judicial segue, enquanto os membros da família aguardam uma resposta concreta de Jamilson Name sobre a transparência e a origem dos valores que estão sendo administrados.
Crédito: Midiamax
Deixe um comentário